Realização sem esforço



Trecho: "No mundo inteiro há pobreza, em proporções imen­sas, como na Ásia, e enormes riquezas, como neste país; há crueldade, sofrimento, injustiça, um modo de viver em que não existe nenhum sentimento de amor. Vendo-se isto, que se pode fazer? Qual a maneira correta de nos aplicarmos à solução desses inumeráveis problemas? As religiões, em toda parte, têm sempre encarecido o aper­feiçoamento pessoal, o cultivo da virtude, a aceitação da autoridade, a obediência a certos dogmas, crenças, a necessidade de fazermos um grande esforço de ajustamento aos padrões estabelecidos. 
Não só religiosamente, mas também politicamente, vemos esse constante impulso de aperfeiçoamento pessoal: “Devo tornar-me mais nobre, mais delicado, mais atencioso, menos violento.” A so­ciedade, com a ajuda da religião, criou uma civilização baseada no auto-aperfeiçoamento, no sentido mais amplo da palavra. Ê isto o que cada um de nós está tentando  fazer, a todas as horas: estamos tentando melhorar a nós mesmos, o que implica esforço, disciplina, ajustamen­to, competição, aceitação da autoridade, senso de segu­rança, justificação da ambição. E o auto-aperfeiçoamento conduz, com efeito, a certos resultados óbvios: torna a pessoa mais sociável. Tem significação social, e nada mais, visto que o auto-aperfeiçoamento não pode revelar a Realidade fundamental. Acho muito importante com­preender-se isto."



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