Percepção criadora



Sinopse: Afinal, por que estais aqui? Alguns, por certo, aqui estão por mera curiosidade; desses não nos ocuparemos. Outros, porém, devem estar seriamente interessados; e se estais interessados, qual a intenção que vos sustenta o interesse? É a intenção de compreender o que estou dizendo e, em caso de incompreensão, pedir a outro que explique o que eu disse, fazendo assim com que surja o “processo” da exploração? Ou estais a escutar-me com o fim de descobrir se o que digo é verdadeiro em si, e não porque eu o digo ou porque outro vo-lo explica? Positivamente, os problemas de que tratamos aqui são problemas vossos, e se puderdes vê-los e compreendê-los diretamente, por vós mesmos, eles serão resolvidos.
Ao examinardes o que digo, estais exercendo a razão, não é verdade? A razão, entretanto, nos conduz apenas até um certo ponto, e não mais além. Devemos obviamente exercer a razão, a capacidade de pensar nas coisas do princípio ao fim, sem pararmos no meio do caminho. Mas, quando a razão alcançou os seus limites e não pode ir mais longe, então a mente já não é o instrumento da razão, da astúcia, do cálculo, do ataque e da defesa, desde que o próprio centro de onde procedem todos os nossos pensamentos e todos os nossos conflitos deixou de existir
O autoconhecimento, portanto, não é um processo que se aprende em leituras, ou a respeito do qual se pode especular: ele tem de ser descoberto por cada um de nós, momento a momento, o que faz com que a mente se torne altamente vigilante.
Sem autoconhecimento não pode existir o eterno. Quando não conhecemos a nós mesmos, o eterno se transforma em simples palavra, um símbolo, uma especulação, um dogma, uma crença, uma ilusão em que a mente pode refugiar-se.



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